Educação Tecnológica e Teatro

Educação Tecnológica

As Capuchinhas de Montemuro

As aldeias de campo Benfeito e Rossão situam-se na encosta da serra de Montemuro. Região do interior, de pequena propriedade com agricultura pobre, sem indústria nem serviços que permitam a fixação das populações já muito reduzidas pela migração para as cidades. Actualmente nestas duas aldeias só existem 3 crianças e das cerca de 160 pessoas que lá vivem a maioria são mulheres.
Dos homens que aí habitam, grande parte, trabalha nas cidades regressando ao fim-de-semana. As mulheres têm a seu cargo a pastorícia, trabalhos de campo, corte da lenha, transporte de água, para além de todas as tarefas domésticas.
Na sequência de um trabalho de animação social e de um curso de formação profissional de corte e costura, 5 jovens (17 a 22 anos) e a mestra costureira (69 anos) decidem continuar a trabalhar em conjunto tendo por objectivos: não serem forçadas a abandonar as aldeias; realizar-se profissionalmente, fazendo um trabalho que lhes agrade; etc.
Começam por trabalhar só 2 dias por semana no edifício da escola primária (desactivada) de Campo Benfeito, cedido gratuitamente pela Câmara Municipal de Castro Daire, continuando assim a fazer os trabalhos domésticos e do campo.
À medida que vão aumentando as suas vendas, aumentam, também o tempo de trabalho.
As Capuchinhas de Montemuro trata-se de uma micro empresa artesanal de 9 mulheres de confecção de roupa e artigos de têxtil-lar inspirados nas tradições. Produzem elas próprias as tecelagens de lã, linho e algodão. A roupa produzida está essencialmente vocacionada para um público feminino de níveis de rendimento médios.
A programação do trabalho e concepção de novas peças é feita em conjunto. Dentro da sua profissão de um modo geral cada mulher executa integralmente as peças. Em 1992 em resultado dum aumento considerável na qualificação profissional de cada uma e da comercialização a remuneração de cada mulher foi um valor idêntico ao salário mínimo nacional. As contas são feitas todos os meses e analisadas.
A divulgação dos produtos faz-se de boca a boca, ou através da participação em feiras de artesanato e na Rede de Comercialização no. A evolução do volume de vendas tem sido gradual mas constante. A evolução das despesas tem sido menos acentuada.

O facto de a cooperativa ter uma boa percepção intuitiva e pragmática das lógicas institucionais, tem-lhes permitido gerir apoios de diversos organismos públicos e privados. Outro factor de elas terem ficado a trabalhar sem ter que sair, foi para além do apoio externo, o facto de poderem ter ficado a residir no mesmo local.
No final de 1992 elas estavam muito satisfeitas com a situação a que chegaram, porque para além de já ganharem um bom ordenado, também trabalhavam num ambiente e gostavam do trabalho que fazem.




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